Jogadora da seleção de base aceitou proposta para disputar a Liga Espanhola, uma das mais competitivas do mundo.

Não são apenas os jogadores de futebol brasileiros que despertam o interesse das grandes potências mundiais desde as categorias de base. O handebol feminino do Brasil, principalmente após a conquista do Mundial de 2013, também tornou-se uma referência e há equipes de todo o mundo de olho nas atletas do país.



Iasmim dos Santos Albuquerque é um exemplo desse movimento. A armadora direita da seleção júnior, que completará 20 anos em abril, já disputa uma das mais competitivas ligas da Europa, o principal polo do handebol internacional.

A proposta do Godoy Maceira Porriño, da Espanha, chegou em julho do ano passado. Em setembro, ela desembarcou na Galícia para a primeira de duas temporadas —o contrato vai até 2019.

O Porriño não foi a única equipe que se interessou por Iasmim. A brasileira recebeu ainda uma proposta da Polônia e outras da Espanha.

“Toda atleta que chega ao alto rendimento pensa em ir para a Europa. Era meu sonho. Não achei que iria realizá-lo tão cedo”, diz a jogadora, que participa da primeira fase de treinos da seleção júnior em São Bernardo do Campo (SP), visando o Pan da modalidade, em março, que dá vaga para o Mundial, me julho.

A adaptação à Espanha foi difícil no início. Iasmim estranhou a comida e não dominava o idioma local. Hoje, já consegue se virar bem e estuda Espanhol pela internet para evoluir. Ela divide um apartamento com outras duas jogadoras do clube.

Se adequar à forma de jogar da equipe também foi um desafio.

“Eu estava no Clube Português do Recife havia quatro anos, já estava acostumada, e fui para um time que jogava totalmente diferente. Mas as meninas do meu time sempre procuraram me ajudar, e eu me concentrava o máximo possível para entender o que estavam falando e me sair bem”, diz Iasmim, que vê vantagens para a seleção na ida de brasileiras desde cedo para o exterior.

“Tudo chega primeiro na Europa. Eles têm contato com a atualidade do handebol, com todas as inovações. E há um calendário estruturado, com jogos constantes. Nesse ambiente, as atletas melhoram muito e trazem essa experiência para a seleção.”

Iasmim começou a jogar handebol na escola, em Recife, sua cidade natal. Aos 11 anos, ganhou uma bolsa para estudar e defender o Colégio Souza Leão, em Olinda, a convite da professora Cleonice Pereira, que já enxergava o talento da menina.

“Na primeira competição, percebi que era isso que queria para a minha vida. Minha família sempre me ajudou, tirava dinheiro de onde podia para me incentivar a seguir meu sonho”, diz a jogadora.

Iasmim se transferiu, depois, para o Clube Português, onde era treinada por Cristiano Silva, hoje comandante da equipe júnior do Brasil.

As boas atuações nas competições que disputava renderam a primeira convocação para uma seleção, a juvenil, em janeiro de 2016. Ela nem havia completado 18 anos.

Disputar uma vaga na equipe com outras jogadoras foi um grande desafio para a pernambucana.

“O grupo tinha 35 meninas e iriam escolher 16 para a disputa do Pan-Americano. Foi tensão do começo ao fim, eu ficava muito preocupada se iria conseguir ou não. Meu sonho sempre foi defender o país”, diz.

Iasmim ficou entre as 16 selecionadas e conquistou o título Pan-Americano daquele ano, classificando o Brasil para o Mundial —a equipe terminou em 12o lugar.

A vitrine em nível internacional abriu a porta dos clubes europeus. Seu time ocupava, até o início desta semana, a décima colocação na Liga Espanhola. Iasmim era a quinta maior artilheira da equipe, com média de 2,15 gols por jogo.

Ela sonha alto. Quer, no futuro, defender um time mais competitivo na Europa, mas agora só consegue pensar na seleção júnior, que terá a disputa o Pan e do Mundial pela frente em 2018.

Iasmin em ação pela seleção brasileira/ Foto: Reprodução internet

Fonte: CBHb